segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

As aventuras de Alfa & Beto - "História" da Carochinha


O Príncipe Escamado ficou intrigado com o que Dona Carochinha disse. "Por que a senhora diz isso? Que perigo essas crianças podem nos oferecer?" Dona Carochinha, empinando as anteninhas, responde: "Essas crianças vieram do mundo real bisbilhotar as minhas historinhas, mas, como as crianças de hoje só querem saber de jogos de computador e desenho animado japonês, elas não dão lugar à fantasia, não valorizam as minhas histórias; assim, temo pela vida de meus personagens, pois se elas não leem as historinhas, com o tempo as histórias e os personagens podem acabar. Sabe-se lá o que essas duas crianças vieram fazer aqui. Quem sabe se decidiram nos matar de vez?" Alfa já estava nervosa, de tanto ouvir essas abobrinhas. "Escute aqui, Dona Carochinha, eu e o meu irmão viemos parar aqui trazidos por um pó misterioso, que estava em cima de um livro, que estava no depósito da livraria onde meu pai trabalha. Pra seu governo, nós fomos lá para ler as historinhas, nós gostamos de ler! E tem mais uma coisinha que quero lhe falar: as histórias não são suas, os personagens não são seus. Não é porque as pessoas chamam os contos populares de Histórias da Carochinha, que a senhora deve se achar dona deles, pois, como eu disse, eles são populares, são do povo, histórias passadas de pais para filhos, e assim sobreviveram até hoje. E se depender de mim e do meu irmão, sobreviverão para sempre. A senhora não é dona de nada, é apenas mais uma das personagens". Dona Carochinha, bufando de raiva, bem que tentou falar, mas Narizinho pulou no meio da conversa: "Que legal, vocês vieram no pó de pirlimpimpim!" Beto, meio tonto com toda essa falação, fica eufórico. "Ah! Então aquela poeira era o pó de pirlimpimpim? Que barato! Eu viajei no pirlimpimpim! Iúpi!"

No meio dessa discussão, todos param, assustados com um som estridente que vinha do fundo do salão. Era Emília com um monte de pílulas na mão. "Oh, não! A boneca pegou as minhas pílulas falantes!" - Gritou o Doutor Caramujo. Narizinho se surpreende. "Ela está falando! A minha boneca fala!" Doutor Caramujo, já pegando o que sobrou das pílulas: "Claro que ela está falando! Ela engoliu quase todas as minhas pílulas". E Emília falava, falava, falava e falava desordenadamente e desengonçadamente.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

As aventuras de Alfa & Beto - No Reino das Águas Claras


O castelo é enorme. Alfa se encanta com as paredes de escamas coloridas e com os peixinhos que nadam sem parar. Beto deita e rola no tapete de algas. Depois de muito caminhar, avistam um peixão muito bonito. Ele está conversando com a menina do nariz arrebitado. Alfa e Beto ficam de longe, espiando.

De repente aparece, voando, uma barata cascuda, horrorosa. Alfa se assusta e corre, Beto fica imóvel e ainda mais assustado, com essa baratinha bem em cima de sua cabeça. "Olá, crianças! Eu sou a Carochinha. Vocês conhecem as minhas historinhas?" Beto, mudo de susto, não consegue nem piscar os olhos arregalados. Alfa se aproxima de mansinho. "Sim, eu já li as historinhas da Carochinha. Então, a senhora existe de verdade?!" Carochinha dá uma gargalhada debochada e responde: "Claro que existo! Eu existo. Todos os personagens das historinhas existem de verdade, na imaginação de vocês, crianças." A conversa é interrompida por um caramujo atrapalhado, que entra no enorme salão. "Favor me anunciar ao Príncipe Escamado!" "O senhor, Doutor Caramujo, pensa que eu eu sou empregada? Sou a excelentíssima senhora Dona Carochinha, não vou anunciar ninguém." Alfa, meio tonta por causa da descoberta, tenta pronunciar algumas palavras." Do-do-dona Carochinha, Doutor Ca-ca-caramujo, Príííncipe Escamado, esse monte de peixinhos, esse castelo... meu Deeeeeus! Beto, nós estamos no Reino das Águas Claras! E, e aquela menina é Narizinho!"

Incomodado com o esse cochicho, o Príncipe Escamado veio de encontro aos visitantes. "Dona Carochinha e Doutor Caramujo, os senhores podem me explicar o que está acontecendo aqui? Quem são essas crianças?" Doutor Caramujo, meio desconsertado, tenta falar, mas é logo interrompido por Dona Carochinha. "Alteza, essas crianças vieram do mundo real, não sei o que elas querem aqui. Acho bom tomarmos cuidado. Temo por nossas vidas." Todos olharam, desconfiados, para Alfa e Beto.