sábado, 25 de dezembro de 2010

Voo


O vento soprou

O chapeu se assustou

Saiu voando

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Macaco Belisco


O macaco Belisco


é um grande fanfarrão.




Comeu o cadarço do tênis do Seu João


pensando que era macarrão.




Beliscou o bumbum do elefantinho Janjão


e puxou a cauda do leão.




Quando viu o Seu João


com o cadeado na mão


saiu correndo, de supetão.




Pensou:


"Pra jaula não volto não!"

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Vôo


Alheias e nossas

as palavras voam.

Bando de borboletas multicolores,

as palavras voam.

Bando azul de andorinhas,

bando de gaivotas brancas,

as palavras voam.

Voam as palavras

como águias imensas.

Como escuros morcegos

como negros abutres,

as palavras voam.


Oh! alto e baixo

em círculos e retas

acima de nós, em redor de nós

as palavras voam.


E às vezes pousam.



Cecília Meireles

sábado, 16 de outubro de 2010

Dia L de Leitura


Nas asas leves

dos livros

Eu posso voar

rumo ao mundo da imaginação.


Conheço Alice

e suas maravilhas.

Com Pinóquio aprendo

que não é bom contar mentiras.

Com Robinson Crusoé

cruzo mares e ilhas.


Faço amizade com príncipes e princesas.

Para reinos distantes vou em um instante.

Piso na Terra do Nunca, onde Sininho e Wendy são estrelas.

Vejo Peter Pan como coadjuvante.


Com Dorothy vou no meio do furacão

conhecer um leão sem coragem,

um espantalho sem cérebro

e um boneco de lata sem coração.


Em um giro estou no pó de Pirlimpimpim

e com Emília, Narizinho e Pedrinho

a aventura está garantida!

E assim, no mundo da fantasia levo a vida.

sábado, 25 de setembro de 2010

Arara Maricota


A arara Maricota

Vive contando lorota

Ela disse que a gaivota

Pega peixe na pororoca


Quando passou um avião

Maricota colocou a passarada em confusão

Dizendo que era o gavião


Quando uma folha caiu do galho

Ela disse que era a asa do papagaio


Quando o vento assobiou no jequitibá

Ela disse que era o canto do sabiá


Maricota falou que não vai comer semente de girassol

Porque não quer parar o sol


Esta Maricota não tem jeito

Conta lorota o dia inteiro

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Perguntas e Respostas Cretinas






Você conhece o João?

Aquele que te deu um bofetão?


Você conhece o Zé?

Aquele que pegou no seu pé?


Você conhece a Mara?

Aquela que tirou sarro da sua cara?


Você conhece a Esmeralda?

Aquela que trocou a sua fralda?


Você conhece a Marieta?

Aquela que lhe fez careta?


Você conhece o Vieira?

Aquele que fez sua caveira?


Você conhece o Chico?

Aquele que lhe deu um penico?




Você conhece o Joaquim?

Conheço, mas chega... E fim!





Elias José

domingo, 15 de agosto de 2010

Se o meu nome fosse


Se o meu nome fosse Ana

Eu não comeria banana.

Por que todo mundo rima Ana

com banana?


Se o meu nome fosse Ana

eu me mudaria para a casa do mãe Joana.


Se o meu nome fosse Carolina

eu seria uma boa menina.


Se o meu nome fosse Sofia

eu faria farra todo dia.


Se o meu nome fosse Maria

eu, todos os dias, ao mar ia.


Se o meu nome fosse Esperança

Eu nunca deixaria de ser criança.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Um bichinho muito importante


O bicho alfabeto



tem vinte e três patas



ou quase






por onde ele passa



nascem palavras



e frases






com frases



se fazem asas



palavras



o vento leve






o bicho alfabeto



passa



fica o que não se escreve












Paulo Leminski

terça-feira, 13 de julho de 2010

VivAciDadE


Galinha viva

pra continuar viva

não faz uma coisa:

negócio com a raposa.



Rato que não dá rata,

rato que vê seu ato,

não chega nem perto

de pata de gato.



Sapo que é cobra

e sabe onde põe o pé,

não se aproxima de cobra

e fica longe do jacaré.



Menino sabido

sabe bem esse lema:

mocinho vence o bandido

só mesmo no cinema.




Elias José

domingo, 27 de junho de 2010

Inverno


o solzinho preguiçoso

não quer acordar cedo



espicha os braços

se espreguiça

e assim espirra

os seus raios distraídos

sobre a terra



mas logo sente frio

então volta a se cobrir

com seu edredom de nuvem

sábado, 19 de junho de 2010

Jogo noturno


Ilumina-se o campo

para o futebol na aldeia.

Aparece a bola branca,

feita de algodão e meia.

Meninos poetas jogam

com a bola da lua cheia.





Mauro Mota

sábado, 5 de junho de 2010

A Estrela de Carol


Carolina é uma menina

Que espera na janela

Descer a noite para ver

Enfeitado o céu estrelado.



Mas, se a noite está nublada,

Carol fica encabulada:

- Onde está a minha Estrela?

Ela me pisca os olhos a noite inteira!



- Venha, Estrela amiga!

Fure as nuvens com o seu brilho

E venha dormir comigo!

sábado, 29 de maio de 2010

Doceria


As nuvens?

Algodão doce no céu!



E o mar?

Uma grande tigela de mel!

sábado, 22 de maio de 2010

Noite


Escuridão!

O sol foi dormir no Japão.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Florboleta


A borboleta é uma flor que voa


José Paulo Paes - "Fique sabendo que" - Um passarinho me contou

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Adivinha


Um mar que faz qüem-qüem

e de quem se ouve o eco

vamos, me diga depressa

não é pato, é...



marreco





(Sérgio Caparelli)

domingo, 25 de abril de 2010

Ímã(g) in ação


Por verdes veredas

Por vezes viajei

Subi montanhas

Desci rios

Ao mar cheguei

Fiz barquinhos de papel

Naveguei

Em cálidas areias aportei

E no vaievem das ondas andei



Agora

Para o meu abismo

Com vista para o deserto

Tão perto

Voltei.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

As Borboletas


Brancas

Azuis

Amarelas

E pretas

Brincam na luz

As belas

Borboletas



Borboletas brancas

São alegres e francas



Borboletas azuis

Gostam muito de luz



As amarelinhas

São tão bonitinhas!



E as pretas, então...

Oh, que escuridão!



(Vinícius de Moraes)





"É preciso que eu suporte duas ou três larvas, se quiser conhecer as borboletas..."

- O Pequeno Príncipe



(Antoine de Saint Exupéry)

domingo, 28 de março de 2010

As aventuras de Alfa & Beto - Emília, a esperta


"Essa toda discussão não sei que por, curiosas crianças são, po - prrro - probeee - probema - probrema - probilema - problema não causar podem". As palavras de Emília nasciam caóticas, ela não conseguia ordenar sua fala, mas era entendida. "Por que você diz que as crianças não podem nos causar problemas, Emília?" - perguntou Narizinho. "Crianças essas de história gostam, aqui vieram pirlimpim pó, mal não fazer não vão, elas querem só mundo fantasia conhecer". Alfa mal podia acreditar que a boneca defendia ela e o irmão. "Isso, é isso mesmo, nós fomos até a livraria para ler e quando tentamos limpar a poeira dos livros, bem, de um livro bem velho e grosso que estava no depósito..." "É o meu livro Reinações de Narizinho." - disse Narizinho, toda orgulhosa, mas Emília não deixou por menos: "Não é o seu livro, nem mesmo do Monteiro Lobato, que escreveu; o livro é de todas as pessoas que gostam de ler, e digo mais, se as pessoas pararem de ler nossa história, sabe o que vai acontecer com a gente? Hein, hein? Vamos morrer, isso, isso mesmo, ainda estamos aqui porque tem gente, como essas crianças, que ainda lê as nossas aventuras." Quando Emília parou de falar, percebeu que todos ali presentes estavam de olhos arregalados, admirados com a sua inteligência. Narizinho, surpresa com a esperteza de sua boneca, quebrou o silêncio: "Emíla, agora você está falando certo, sem trocar as bolas, quer dizer, as palavras!" "Mas é claro que estou falando certo, eu sempre faço tudo certo!" "Ah, pera aí, Emília, você acabou de começar a falar e já tá metida desse jeito"...

Bem, nem preciso dizer que a discussão entre a boneca e sua dona demorou alguns minutos e que todos entraram na briga. Doutor Caramujo reclamava as pílulas a mais que Emília engoliu, Dona Carochinha queria esganar a boneca, e Narizinho brigava com as duas, pois, com Emília, só ela, a dona, podia brigar. O Príncipe Escamado chamou o segurança Peixe Espada para acalmar a confusão, mas, nada, cada um falava mais alto que o outro, até que um grito bem agudo e choroso assustou os briguentos. Era Beto: "Eu quero sair daqui, quero voltar pra minha casa!" Alfa abraçou o irmão e Emília falou: "Calma, menininho, eu tenho a solução do seu problema. Quando vocês chegaram perto de nós na margem do ribeirão, caiu um pouco do pó de pirlimpimpim no meu vestido e foi parar no bolso. Tome aqui e veja se você e sua irmã conseguem voltar para casa."

A viagem de volta foi mais turbulenta porque tinha pouquinho pó. Quase que os irmãos foram parar lá nas terras das mil e uma noites. Ufa! Foi por pouco, muito pouco! Bem seguros de volta, no chão empoeirado do depósito da livraria, Alfa e Beto se olhavam espantados. Nossa, que leitura radical!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

As aventuras de Alfa & Beto - "História" da Carochinha


O Príncipe Escamado ficou intrigado com o que Dona Carochinha disse. "Por que a senhora diz isso? Que perigo essas crianças podem nos oferecer?" Dona Carochinha, empinando as anteninhas, responde: "Essas crianças vieram do mundo real bisbilhotar as minhas historinhas, mas, como as crianças de hoje só querem saber de jogos de computador e desenho animado japonês, elas não dão lugar à fantasia, não valorizam as minhas histórias; assim, temo pela vida de meus personagens, pois se elas não leem as historinhas, com o tempo as histórias e os personagens podem acabar. Sabe-se lá o que essas duas crianças vieram fazer aqui. Quem sabe se decidiram nos matar de vez?" Alfa já estava nervosa, de tanto ouvir essas abobrinhas. "Escute aqui, Dona Carochinha, eu e o meu irmão viemos parar aqui trazidos por um pó misterioso, que estava em cima de um livro, que estava no depósito da livraria onde meu pai trabalha. Pra seu governo, nós fomos lá para ler as historinhas, nós gostamos de ler! E tem mais uma coisinha que quero lhe falar: as histórias não são suas, os personagens não são seus. Não é porque as pessoas chamam os contos populares de Histórias da Carochinha, que a senhora deve se achar dona deles, pois, como eu disse, eles são populares, são do povo, histórias passadas de pais para filhos, e assim sobreviveram até hoje. E se depender de mim e do meu irmão, sobreviverão para sempre. A senhora não é dona de nada, é apenas mais uma das personagens". Dona Carochinha, bufando de raiva, bem que tentou falar, mas Narizinho pulou no meio da conversa: "Que legal, vocês vieram no pó de pirlimpimpim!" Beto, meio tonto com toda essa falação, fica eufórico. "Ah! Então aquela poeira era o pó de pirlimpimpim? Que barato! Eu viajei no pirlimpimpim! Iúpi!"

No meio dessa discussão, todos param, assustados com um som estridente que vinha do fundo do salão. Era Emília com um monte de pílulas na mão. "Oh, não! A boneca pegou as minhas pílulas falantes!" - Gritou o Doutor Caramujo. Narizinho se surpreende. "Ela está falando! A minha boneca fala!" Doutor Caramujo, já pegando o que sobrou das pílulas: "Claro que ela está falando! Ela engoliu quase todas as minhas pílulas". E Emília falava, falava, falava e falava desordenadamente e desengonçadamente.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

As aventuras de Alfa & Beto - No Reino das Águas Claras


O castelo é enorme. Alfa se encanta com as paredes de escamas coloridas e com os peixinhos que nadam sem parar. Beto deita e rola no tapete de algas. Depois de muito caminhar, avistam um peixão muito bonito. Ele está conversando com a menina do nariz arrebitado. Alfa e Beto ficam de longe, espiando.

De repente aparece, voando, uma barata cascuda, horrorosa. Alfa se assusta e corre, Beto fica imóvel e ainda mais assustado, com essa baratinha bem em cima de sua cabeça. "Olá, crianças! Eu sou a Carochinha. Vocês conhecem as minhas historinhas?" Beto, mudo de susto, não consegue nem piscar os olhos arregalados. Alfa se aproxima de mansinho. "Sim, eu já li as historinhas da Carochinha. Então, a senhora existe de verdade?!" Carochinha dá uma gargalhada debochada e responde: "Claro que existo! Eu existo. Todos os personagens das historinhas existem de verdade, na imaginação de vocês, crianças." A conversa é interrompida por um caramujo atrapalhado, que entra no enorme salão. "Favor me anunciar ao Príncipe Escamado!" "O senhor, Doutor Caramujo, pensa que eu eu sou empregada? Sou a excelentíssima senhora Dona Carochinha, não vou anunciar ninguém." Alfa, meio tonta por causa da descoberta, tenta pronunciar algumas palavras." Do-do-dona Carochinha, Doutor Ca-ca-caramujo, Príííncipe Escamado, esse monte de peixinhos, esse castelo... meu Deeeeeus! Beto, nós estamos no Reino das Águas Claras! E, e aquela menina é Narizinho!"

Incomodado com o esse cochicho, o Príncipe Escamado veio de encontro aos visitantes. "Dona Carochinha e Doutor Caramujo, os senhores podem me explicar o que está acontecendo aqui? Quem são essas crianças?" Doutor Caramujo, meio desconsertado, tenta falar, mas é logo interrompido por Dona Carochinha. "Alteza, essas crianças vieram do mundo real, não sei o que elas querem aqui. Acho bom tomarmos cuidado. Temo por nossas vidas." Todos olharam, desconfiados, para Alfa e Beto.

domingo, 24 de janeiro de 2010

As aventuras de Alfa & Beto - um mergulho na fantasia


Alfa e Beto são despejados na beira de um ribeirão. Tudo em volta é muito bonito. Beto avista um enorme pé de jabuticaba, pretinho, pretinho de frutinhas, e corre à cata delas. De repente para, assustado. "Tem uma menina deitada ali", grita. "Por que está com medo, Beto? É só uma menina! E tem uma boneca toda desengonçada!" Assim, Alfa encoraja o irmão a se aproximar da árvore. "Espere aí, Alfa, tem um bichinho no nariz dela." Os dois irmãos ficam parados enquanto a menina se levanta, ainda sonolenta, e mergulha no ribeirão, com sua boneca de pano. "Ei, garota, deixe a boneca aqui, ela vai se molhar e ficar ainda mais desengonçada!" Enquanto falava, Alfa corria em direção à menina, que parecia não ouvir aos seus apelos. Na correria, Alfa tropeçou numa pedra e... thbum, caiu no rio. Beto gostou da ideia e mergulhou também, estava fazendo um calorão danado!

A água do ribeirão era uma clareza só! Alfa e Beto nunca tinham visto um rio tão limpo assim. Mas, as águas puxavam as três crianças e a boneca para o fundo. Quando chegaram lá, encontraram uma cidade bonita e brilhante. Alfa e Beto resolveram seguir a menina da jabuticabeira. Ela parecia saber exatamente para onde ir. Entrou em um enorme castelo e os dois irmãos foram atrás.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

As aventuras de Alfa & Beto


Alfa e Beto são filhos do gerente da livraria. Todos os dias, eles pedem ao pai para levá-los ao trabalho. A resposta é sempre a mesma: "não, crianças, vocês não podem trabalhar comigo".

Um dia, Alfa teve uma ideia: "Beto, vamos seguir o papai; a gente entra na livraria sem ele perceber, lá a gente pode ler um montão de historinhas bem legais!" Nem preciso dizer que Beto aceitou de pronto a ideia da irmã. Eles estavam bem acostumados a ler os livrinhos que o pai trazia. Isso virou um vício, um vício bom. A vontade de ler mais e mais foi crescendo, crescendo, até que se tornou a vontade de ler todos os livros do mundo.

Na segunda-feira de manhã, as crianças deram um drible na mãe e seguiram o pai até o trabalho. Era janeiro, mês de férias, eles não podiam mais se enfiar na biblioteca da escola, então, o jeito era se enfiar na livraria mesmo.

Quando o pai atendia a um cliente, os dois peraltas entraram de fininho e foram para o depósito. Alfa e Beto ficaram encantados com a quantidade de livros. Alfa folheava um, Beto folheava outro, e os dois coraçõezinhos batiam na mesma intensidade. Os olhos não piscavam e as bocas abertas deixavam escapar os sorrisos mais alegres, daqueles que só as crianças sabem dar.

De repente, entra um vento danado pela minúscula janela do depósito! E esse vento danado varre a poeira de cima de um livro velho, abandonado lá no cantinho. Alfa olha para poeira, que insiste em ficar no ar, e Beto corre para perto da irmã. Nos coraçõezinhos, a felicidade dá lugar ao medo. Medo? De que? Da poeira! Sim, da poeira. É um pó estranho, colorido, e fica flutuando, não cai, o vento passou e foi embora, mas o pó não quer o chão.

O estranho pó se aproxima das crianças, bem devagarinho. Beto tenta correr, mas, já é tarde! Alfa segura o irmão pela camisa. Eles estão flutuando na poeira colorida. A sensação é boa. É como viajar de trem, com o pó de minério batendo no rosto. Os pés não pisam, as mãos não pegam nada, e eles voam, rodopiam e entram cada vez mais no túnel de poeira. Esse redemoinho abre as páginas do velho livro e cospe as crianças lá dentro.